Iniciativa visa superar problemas socioemocionais para melhorar a aprendizagem

Abandono, perdas de familiares, depressão, automutilação, ansiedade, déficit de atenção e hiperatividade são situações vivenciadas por estudantes da rede de ensino do município de Encantado e que prejudicam a aprendizagem. Percebendo uma demanda muito grande dentro dessa área psicoemocional e a falta de conhecimento por parte dos professores para lidar e conduzir com os casos que chegam à sala de aula, profissionais da área realizam a “Oficina das Emoções” para levar atendimento terapêutico e psicológico nas escolas.

A oficina acontece em todas as escolas da rede municipal, semanalmente, e a atividade com os grupos visa trabalhar a escuta ativa, círculos da paz, ferramentas de concentração e meditação. Neste ano, devido ao aumento de adolescentes com sintomas de depressão e outros problemas emocionais, iniciou-se os atendimentos individuais em duas escolas: Centro Municipal de Educação Encantado, nas segundas e terças de manhã e quintas à tarde, com o terapeuta Eduardo Finkler, e na Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Érico Veríssimo, nas terças-feiras de manhã, com o psicólogo Daniel Cadore. Os profissionais juntamente a direção filtram e atendem os casos mais urgentes. Todos os atendimentos tem autorização dos responsáveis

“Nosso papel é auxiliar e dar um suporte pra criança dentro da escola para ela obter uma melhor aprendizagem, pois muitas vezes a não aprendizagem vem por questões emocionais”, explicam os profissionais.

Conforme Cadore, as crianças reagem de diferentes formas. Em muitas vezes ela se autossabota, se torna indiferente como forma de defesa, ou em outras ela ataca, sendo também uma forma de se proteger de sua dor. “Quando é trabalhado isso com a criança, esse campo de energia de dor é desestruturado, e ela vai se abrindo de novo e deixando de ser agressiva. A criança tem um ponto muito positivo dentro desse processo: ela vem aberta para ser ajudada, ela quer ajuda e só não sabe como. Quando ela vê que tem um meio, ela se abre, se permite, e então nessa permissão existe uma transformação”, revela.

A secretária de Educação e Cultura Stéfanie Casagrande explica que esse projeto foi apresentado para a Administração Municipal e a ideia foi abraçada por também entender essa necessidade e que, enquanto escola, buscam acolher o aluno individualmente. “O projeto “Oficina das Emoções” iniciou em 2022, colhendo frutos muito positivos. Porém, com o passar do tempo, identificamos maior demanda e eficácia nos adolescentes, iniciando nas turmas de 6º a 9º anos em 2023. A necessidade do atendimento individual é eminente e entendemos que precisa ser ampliada para as demais escolas. Vivemos tempos difíceis e a saúde mental é pauta primordial nas escolas, pois só assim avançaremos nas demais áreas”, enfatiza.

A idealizadora e facilitadora de círculos de construção de paz do projeto Flores.Ser - ao qual contempla a oficina - Raquel Cadore, celebra a parceria e ressalta o formato de trabalho realizado pelos profissionais. “Abrimos espaços para conversas sobre assuntos que não são falados, através dos círculos de construção de paz, possibilitando a prevenção e restauração das relações, tornando a escola um ambiente mais saudável, agradável, despertando valores e entendendo o conflito como uma oportunidade de transformação, com autonomia e protagonismo. Nosso grande desejo é que todas as crianças sejam cuidadas, protegidas, recebam amor, aprendam a amar e vivam com dignidade, diminuindo a violência individual, escolar, familiar e comunitária, e que tenham perspectivas de futuro. Agradecemos a grande porta que se abriu! Estamos em constante contato com a secretaria de Educação, inclusive pensando novamente em ampliação pela demanda que se apresenta, em cada escola com suas peculiaridades”, revela.

Os resultados já estão sendo notados pelas famílias, pelos profissionais que atendem e pelos professores.O trabalho terapêutico com as crianças é muito rápido, ela assimila rápido. Em muitas crianças, já podemos ver o olhar diferente, está tendo uma perspectiva de vida que muitas vezes essa criança dentro daquele problema não tinha. Isso é uma das primeiras coisas que a gente vê que muda, a criança volta a ter uma visão sobre a vida, um brilho no olhar e isso é bem perceptível. Os problemas das crianças são muito sérios, e a gente percebe que muitas vezes um adulto não seria capaz de lidar com isso”, relata Finkler.

Data de publicação: 30/06/2023

Créditos: Imprensa/Prefeitura de Encantado

Créditos das Fotos: Imprensa/Prefeitura de Encantado

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